quinta-feira, 10 de abril de 2014

Segunda Infância

Autocarro, Lisboa, 7:45h
- Idosa: Olha, lá vão eles a dar jornais. Pra quê a asa nas costas? Parecem tolos.
- motorista: São os rapazes do Destak, e a “asa” é para os condutores os verem.
- idosa: Em vez de porem estes malandros a trabalhar andam a dar jornais…
- motorista: mas eles estão a trabalhar, minha Sra.!
- idosa: Não. A mim não me enganam com essa conversa. Andam por aí espalhados a verem o que as pessoas fazem… a hora a que entram e saem… para depois roubarem. Malandragem de asa no ar…

Gargalhada geral. Nunca tinha presenciado uma teoria de conspiração destas. O certo é que a partir de agora sempre que vir um distribuidor do Destak vou ter que controlar o riso…


O Inverno da vida pode ser muito confuso… muito triste… e amargo. Poucos idosos conseguem manter um sorriso, construir um pensamento positivo, ou olhar de frente. E o mais triste é que nem sempre está relacionado com as dificuldades que passaram ou com os desgostos que tiveram. A perda das capacidades físicas e mentais é inevitável. Espero que quando chegar à segunda infância ter conseguido conservar o mel da vida, em vez de mergulhar no fel da existência. É um medo que tenho, o de perder o raciocínio crítico. A degeneração celular ainda não pode ser travada nem invertida, mas que ao menos que seja muito lenta… Desejo apenas que quando a velhice chegar, que a minha alma não me abandone. Mas e saber como se faz… Alimentação? Exercício mental? Actividade física? Qual é o truque? Ou é apenas uma questão de sorte?

Sem comentários:

Enviar um comentário