segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Cor de rosa

Quando vou ao dentista, cabeleireiro e afins na sala de espera deparo-me com a triste realidade das revistas  “cor-de-rosa”.
O mais cómico é que não consigo lê-las. Basta-me ler os títulos das capas e fico logo enjoada. Esta semana, ao que parece, tudo se centrava em redor de um casal que se encontra em separação.  
Ele bate. Ela bebe.
Trancas à porta. Polícia á porta.
Olhei para tamanha tragédia e senti pena dos filhos de tais idiotas. Devia ser considerado crime fazer este tipo de teatro de manipulação da opinião pública sem ter a menor consideração pelas crianças.
Como estarão aqueles coraçõezinhos? Que confusão nas suas mentes…
Não é assunto que me passe ao lado… tenho primos a viver este drama familiar. Ela diz que ele é esquizofrénico… Ele diz que ela é maluca… E a pequena Ritinha olha para uns e outros com o olhar mais triste deste mundo. Menina de dois anos, a quem foi roubada a alegria de crescer  em harmonia.
Parem! Parem! Parem!
Para se divorciarem basta serem civilizados. Sejam humanos. Resolvam os problemas em sede própria. Não interessa quem tem razão. Só interessa o compromisso que assumiram ao trazer um filho ao mundo. Uma criança não é um boneco que se arrasta ao sabor da vontade. Um filho é a mais preciosa alegria da vida. Ou deveria ser!
Com tantos casais a desejarem um filho e a não poderem ter… Deus dá nozes a quem não tem dentes!!!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cheiro de canela

Ontem estive com uma amiga, que já não via há muito tempo. A sua casa cheirava a canela. Que delicia. Adoro canela, quer em doces quer em salgados.
Há muitos, muitos anos, corríamos rua fora. Riamos em uníssono. Cantávamos e pulávamos.
Depois a vida levou-nos por caminhos diferentes. Locais tão distantes que nos perdemos uma da outra. E agora, ao fim de tanto tempo, reencontrámos-nos.
Derreti-me no abraço.
Lágrimas de saudade, sorrisos de felicidade.
Quanto amor existe na palavra amizade!
Ficámos horas a relembrar o passado saboreando chá de camomila e biscoitos de canela.
Ficámos horas a contar todos os pormenores vividos longe uma da outra. Percursos inimagináveis.


A partir de hoje sempre que me cheirar a canela sei que me vou lembrar deste reencontro. Associação sensorial tão encantadora. Que bom.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Um sonho

O sonho da nossa vida é tão bom enquanto o sonhamos, na maioria das vezes.
A sua realização implica uma dualidade:  uma realização pessoal mas também o acabar da luta.
E como é bom lutar. O desenvolver esquemas mentais de trabalho para alcançar o desejado é muito estimulante para o espírito humano.
Hoje acordei com a sensação que em breve alcançarei um objectivo. Sinto que estou a chegar à meta. Por isso, vou saborear todos os momentos. Quero aproveitar ao máximo.

Só espero não me estar a iludir. 

domingo, 6 de outubro de 2013

Os outros

Ontem fui ao cabeleireiro. Deparei-me com uma cena triste. Daqueles episódios pobres de espírito. Um jovem entrou, cumprimentou os presentes e dirigindo-se ao cabeleireiro disse que pretendia cortar o cabelo a direito. As miudinhas que se encontravam em seu redor começaram a opinar: “não se usa”… “vai-te ficar mal”… “porque não fazes o corte do actor X”…”faz antes tipo surfista”… não pararam...
Resultado, o jovem acabou por dizer que estava inseguro e que voltava noutro dia! Muito bem, pensei. Tanto se meteram que perderam o cliente! Espero que assim seja, apesar de saber que o mais provável é o jovem mudar o corte só porque os outros acham melhor…

 Pergunto-me porque razão as pessoas acham que podem invadir a privacidade dos outros? Se alguém emagrece, “estás mais magro, que dieta estás a fazer”? Se engorda, “então, desleixaste-te”?  E quanto à roupa é uma festa:” oh João essas calças ficam-te mal atrás”… “onde compraste esse vestido tão atrevido, também estou a precisar dum”…
Mas seremos todos infantilóides ao ponto de não percebermos onde terminam as fronteiras da privacidade? Não é por se conhecer uma pessoa que se é íntimo. Para tal, é preciso que a outra nos dê essa abertura, esse espaço. Mesmo que seja família há grandes limitações - a família é algo que nos acontece não somos nós a escolher. Ser parente não é ser íntimo. O respeito conquista-se e a intimidade constrói-se. Nada é garantido só porque respiramos o mesmo ar!
Se emagrecer ou engordar, se a roupa me fica bem ou mal, se o cabelo está curto ou comprido, isso é comigo. Aprendam a respeitar o próximo. O vosso gosto não é o dos outros. E a carneirada da moda, que não tem gosto próprio e por isso faz o que lhe dizem que se usa, arranjem uma vida e deixem a dos outros.
O meu corpo é meu, não é nosso.
E por favor, não digam tudo o que pensam. Os vossos pensamentos não são sabedoria, são apenas pensamentos. Porque razão acham que são peritos do que quer que seja? Ainda por cima, sem vos ser pedido.
E por favor parem com a idiotice do “não faz mal porque toda a gente faz”. Sim, toda a gente tontinha faz. E que tal colocarem-se na pele dos outros para sentirem se toda a gente devia fazer? Ou fazem-no por vingança? Mediocridade!
Bem sei que também há gente que tudo o que faz mostra aos outros. E que espera comentários construtivos. Não sabem viver sem a aprovação da maioria. O aspecto tem de ser apreciado… mas porquê? Porque não se bastam a si mesmo? Como não gostam do que são precisam que lhes digam que podem gostar de si mesmos? Ai, que confusão de viver.
Não é exercício difícil o do bom conviver. Ou deveria dizer, o de bem viver? Eu conheço-me. Olho ao espelho e gosto do que vejo. Construo a minha vida segundo o que considero correcto. Alcanço o que posso alcançar. Analiso o meu ser. Entendo as minhas limitações. Conheço o meu corpo e a minha mente. Logo, dou espaço aos outros, pois também quero que me dêem espaço… Respeito para ser respeitado!
Tal como o espaço físico deve ser respeitado. Para quem não sabe, não nos devemos aproximar de uma pessoa menos de 50 cm se não formos íntimos. Por isso, numa fila de espera de transportes, num balcão de atendimento, na conversa com conhecidos não se colem!  E parem de bater no braço quando estão a conversar com alguém - procurem um psicólogo que vos ajude a controlar o tique!
O problema é que maior parte das pessoas não sabe o que é ser íntimo. Que pena, deve ser muito triste… viver sem saber o que é ter alguém de quem se sentem íntimos para que possam perceber a diferença.
E por vezes podem até ser muito ofensivos. Lembro-me de duas situações extremamente estúpidas. Uma de um senhor que estava a fazer tratamentos de radioterapia, que foi abordado por uma vizinha que o chamou à atenção “porque quem tem cancro não devia ir para a praia apanhar escaldões” – o qual lhe respondeu “a vizinha deve ser parva, estamos em Dezembro! E a pele está queimada devido ao tratamento”; e outra situação de uma miúda que a chorar respondeu à mãe da amiga, que a repreendeu por ter as calças muito puídas: “os meus pais estão desempregados”.

A minha saudosa avó costumava perguntar: “Onde estava esta gente quando O Senhor distribuiu a inteligência?”

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Adoro sumo de limão.

O limão é excelente para estimular o nosso sistema imunitário. Apesar de ser um fruto ácido, é neutralizado pelos sucos gástricos. Uma verdadeira injecção de anti-oxidantes. Deve-se tomar como quebra-jejum. No início custa, mas com o hábito torna-se um ritual bastante simpático. Algo indispensável.

Uma xícara de sumo de limão ás 6 horas (ainda noite cerrada) na varanda com vista para o parque. O silêncio. A magnitude da solidão. Olhar para o horizonte e degustar o sumo. O cheiro inconfundível do limão entranha-se no corpo e na alma. Despertar de sensações…

E então, eis que surge o camião da reciclagem! Barulhento no movimento e barulhento na transferência do vidro. Sim, ás 6h da madrugada vêm buscar o vidro. Nada mais idílico… Eu sentada na varanda a beber sumo de limão ao som de vidro a partir. Na minha mente só se afigurava um pensamento: pobres dos que estavam a dormir!

Mas tudo na vida passa. E o camião da reciclagem também passou. Que bom, pensei eu, bebericando mais um pouco o meu sumo de limão. E eis que surge a carrinha de distribuição do pão. Motor ligado em relantim, bem por baixo da minha varanda. E o homem do café que tarda em chegar…  e o homem do pão pega do telemóvel desatando num chorrilho de calão… deixou o pão num saco á porta do café e foi-se.

Que alívio, pensei eu, engolindo mais um pouco do meu sumo de limão. E eis que surge a vizinha com os seus três filhos adolescentes… estaladas, pontapés e empurrões são constante entre tais irmãos… Não! Não! Levantei-me, entrei dentro de casa. Fechei a porta. Desci o estore. Sentei-me no sofá e apaguei a luz.
Em silêncio. Em paz, terminei o meu sumo de limão. Não há melhor local do que o resguardo da nossa casa. Casulo encantado. Concha maravilhosa. Casa da minha vida. Que bem que me soube o sumo de limão na tranquilidade do meu lar!


Que bom seria se todas as pessoas tivessem uma casa que as fizesse sentir protegidas… que bom que seria… 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Som - Voz

Não gosto de ouvir gravações da minha voz.
Como para a maioria das pessoas, a voz que ouvimos é diferente da voz gravada. E porquê?
O som propaga-se em meio material. Quando falamos, o som produzido propaga-se pelo ar, pelos músculos e ossos da cabeça. O som que ouvimos é resultante desta mistura (mistura de ondas sonoras que se propagaram em meios diferentes, com velocidades de propagação diferentes). Mas o som que gravado é apenas o som propagado pelo ar.

Esta é a principal razão da diferença entre o som que ouvimos e o som gravado.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Bebé?

Hoje às 7:20h. No autocarro a caminho do trabalho, dois senhores conversavam:
- Olá.
- Oi. Que bom encontrar-te. Logo queres ir dar uma volta?
- Está a chover…
- Não faz mal… tenho carro novo!
- Mesmo novo ou em 2ª mão?
- Novo! Ainda cheira a bebé!
 
Nisto arrepiei-me. Como pode um carro cheirar a bebé? Os bebés não cheiram a destilados do petróleo, pois não?
E se, por acaso, lhe colocar um difusor de essências, vai dizer que é colónia de bebé?