Tenho um defeito numa vértebra. Provoca-me inflamações
ciáticas constantes. Nasci assim. Cresci a aprender a adaptar-me às dores. Nem
sempre é fácil. Nunca me conformei e por isso esforço-me para levar uma vida sem
diferenças.
Sou doadora de sangue. Faço aos outros o que gosto que me
façam a mim. Ajudo porque seria impensável ser de outro modo. No outro dia, no
trabalho houve uma campanha para inscrição de doadores de medula óssea.
Aproveitei e ofereci-me logo. Ao entregar os documentos a médica perguntou-me
se tinha algum problema na coluna. Respondi que sim e expliquei-lhe tudo - “Ó
que pena, não pode ser doadora de medula. Nem pensar em qualquer tipo de
intervenção que possa agravar o seu estado.” Fiquei triste. Sou diferente. Sou
anómala… É a vida! Podia ser pior. Apesar de tudo consigo ser independente.
Sou diferente, mas feliz. O que é bom, muito bom.
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