Uma gaivota levantou voo. Mesmo rasante à minha cabeça. Os primeiros
bater-de-asas foram desengonçados. Desequilíbrio aerodinâmico. Fiquei a
olha-la. Desejei segui-la. Era tão giro se de repente eu começasse a voar. Ui,
ninguém me parava. Percorria o mundo todo. Visitava todos os povos. Que voo
maravilhoso… liberdade… liberdade…
Mas depois pensei: e os predadores? Não, é melhor continuar
sem asas. No fundo é o que sempre fizemos, trocámos a liberdade pela segurança.
Temos pernas, podemos correr por este mundo fora e não o fazemos… até porque maior medo que o do perigo é o da
solidão. Voar podia ser bom, mas só e sem destino seria muito triste.
A gaivota afastou-se, seguiu o grupo. Lá no alto pareciam observar-nos.
Continuei o meu caminho, olhei por cima do ombro, sentindo-me seguida - como se o bando me acompanhasse. Depois
vi-as partir em direcção oposta. Adeus gaivota, voa por mim, voa!
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