Hoje no metro um miúdo, que aparentava ter 7 ou 8 anos,
perguntava à mãe: “Os presos continuam a ter amigos?”
Quando se comete um crime, e a justiça funciona, paga-se por
tal.
E como reagem os que conhecem o criminoso? Família, amigos,
colegas e vizinhos…? Como reagiria eu se tivesse um conhecido preso? Não sei.
Dependeria do tipo de crime.
Há crimes que não sei perdoar. Principalmente se envolverem
crianças ou deficientes. Mas há outros que me deixam na dúvida.
Erros cometidos em momentos de desespero? Sim, esses consigo
compreender. Não sei se olharia a pessoa da mesma forma. A confiança seria
abalada, por certo. Mas voltaria a conviver, pois já tinham cumprido a pena.
E durante a pena? Não sei até que ponto não esconderia a
cabeça debaixo da areia… Se fosse alguém muito próximo iria visitar à cadeia…
talvez!
No entanto, também há “criminosos” que aceitaria com naturalidade – os presos políticos, por exemplo. Sim, visitaria. Sim, conviveria. Sim,
seriam meus amigos.
E se fosse eu a estar na cadeia? Não sei como reagiria. Primeiro
com vergonha, por certo. Talvez nem aceitasse visitas, se as houvesse.
Conhecendo-me como me conheço, penso que ficaria a penalizar-me em solidão. E
depois da pena, tentaria partir para longe da vergonha. Começar do zero, seria primeira
opção. Só voltaria se tivesse filhos, ou tentaria levá-los comigo… acho que é
mais fácil perdoar os outros do que me perdoar a mim.
Isto dos erros é muito complicado. Estabelecer padrões de
comportamento perante tais situações é, para mim, dificílimo.
A mãe respondeu ao miúdo: “Claro, filho. Os presos estão a
cumprir pena e esse é o seu castigo. Não têm de perder os amigos. Só se fossem
muito maus, mas até esses têm amigos…”
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